quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ajustamento foi "consideravelmente mais custoso" que o previsto


O ministro das Finanças admitiu hoje que "nem tudo aconteceu de acordo com o planeado" no programa de ajustamento português.
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, defendeu hoje, em Washington, que "a União Europeia (UE) deve "respeitar a primazia das políticas nacionais" e admitiu, sobre o programa de ajustamento, que "nem tudo aconteceu de acordo com o planeado".
O ministro falava perante uma plateia de cerca de 100 pessoas, na Brookings Institution, um dos 'think thanks' mais antigos de Washington.
Vítor Gaspar apontou três pontos que considera essenciais para a estabilidade da Zona Euro: que a UE aceite a "dimensão nacional das políticas nacionais", que cada membro "mantenha a sua casa em ordem" e que as instituições melhorem a "integração de mercados financeiros".
Questionado sobre se o ajustamento em curso era estrutural ou facilmente revertível, o ministro respondeu que "é muito difícil de dizer", mas que uma parte do ajustamento, como o crescimento das exportações, "é permanente".
"Esperamos que a maioria seja dessa natureza", disse. Vítor Gaspar apresentou a implementação do programa como um sucesso, mas admitiu que, "para ser transparente", tinha de explicar que "nem tudo aconteceu de acordo com o planeado."
"O crescimento do PIB e os valores do desemprego são muito menos favoráveis do que era esperado", disse, acrescentando que o ajustamento se mostrou "consideravelmente mais custoso".
Referindo-se às taxas de juro praticadas em Portugal, admitiu "que uma empresa tem de pagar uma taxa substancialmente mais alta do que uma empresa com o mesmo perfil em França ou na Alemanha".
O ministro disse que o problema devia, "definitivamente, ser modificado com sentido de urgência" e defendeu a existência de uma "verdadeira e total união bancária, que opera ao nível da zona euro como um todo", como a forma de o conseguir.
O ministro usou o exemplo de Portugal recorrentemente, dizendo que os primeiros anos do país na zona euro foram uma "década perdida" de "forma dramática"; caracterizada por "um crescimento anémico, acumulação de dívida por empresas e famílias e défice público descontrolado".
"É claro que o país não jogou o jogo da estabilidade macroeconómica de acordo com as melhores práticas", disse.
O ministro disse que, suportado por um "histórico muito forte de implementação do programa", tinha transmitido aos parceiros a necessidade de haver uma flexibilização dos objectivos.
"Sinalizamos aos nossos parceiros (...) que acreditamos ser oportuno suavizar o perfil das obrigações das finanças" disse, acrescentando: "Estou muito optimista de que teremos esse apoio muito em breve.
Temos um compromisso firme do Eurogrupo para lidar com o assunto de forma expedita". Vítor Gaspar disse esperar "boas notícias ainda durante o corrente ano" quanto ao "aumento do investimento, tanto por empresários
portugueses como de investimento estrangeiro directo".
"Precisamos que a economia emirja da crise muito mais aberta, queremos ver muito mais competição interna, queremos que o mercado de trabalho seja mais flexível", disse o ministro, referindo-se ao país que espera encontrar no final do programa.
A viagem do ministro aos EUA começou na segunda-feira, em Nova Iorque, onde se reuniu com o presidente da Reserva Federal de Nova Iorque, William C. Dudley, e o vice-presidente, Terrance Checki, e teve um pequeno-almoço de trabalho com membros da comunidade financeira.
Na tarde de segunda-feira, Vítor Gaspar tornou-se o primeiro ministro das finanças europeu a encontrar-se com o novo secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Jack Lew.
Esta tarde, reúne-se com Christine Lagarde, a directora-geral do FMI, e quarta-feira encontra-se com o presidente da Reserva Federal Americana, Ben Bernanke.

5 comentários:

  1. Através desta notícia, podemos concluir que, como o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, admitiu, o programa de ajustamento económico e financeiro de Portugal não ocorreu como era suposto, tendo provocado mais custos do que o esperado. Ora, concluímos logo que é mais um ponto negativo para a Economia em Portugal e para a respectiva conjuntura económica corrente.

    Há uma urgência em respeitar a primazia das políticas nacionais por parte da União Europeia, e, para que esta União se mantenha equilibrada, é importante ter em conta certos aspetos, tais como a dimensão dessas políticas nacionais, que cada país mantenha o rigor e ordem nele próprio e que as instituições invistam na integração nos mercados financeiros.

    Há aspetos positivos a salientar, tal como o permanente crescimento das exportações. Porém, é necessário que não se fique apenas por esse crescimento, e que vá mais além e que se explore novas área, como as citadas anteriormente e defendidas pelo Ministro. Assim, seria possível que o ajustamento fosse mais próximo do planeado.

    É certo que, constantemente, um grande entrave é o contínuo crescimento do desemprego, que afecta fortemente a economia e o PIB português, o que influência os custos referidos na notícia, acerca do ajustamento.

    Vítor Gaspar refere-se ainda às taxas de juro adoptadas em Portugal, taxas essas bastante elevadas, que desincentivam o investimento e que levam às constantes falência com que nos temos deparado nos últimos anos. Uma das medidas que se poderia apostar seria, então, uma redução das taxas de juro praticadas no nosso país.

    A existência de uma total união bancária, que actua ao nível da zona euro como um todo, é uma forma de obter resultados mais favoráveis. Também é importante que haja maior flexibilidade no mercado de trabalho e que haja mais competitividade por parte das empresas portuguesas. É necessário adoptar mais e melhores medidas para "curar" esta conjuntura e reduzir o défice e o desemprego, com urgência.

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  2. Este programa de ajustamento, referido na notícia, vem de encontro ao problema da despesa pública, que se apresente como o actual grande problema da economia portuguesa, e assim tenta equilibra-la.
    Em Portugal, no âmbito desse programa de ajustamento, foram implementadas algumas medidas, como por exemplo as reformas estruturais, que têm em vista o aumento do crescimento económico, a criação de emprego e a melhoria da competitividade.
    Assim, Vítor Gaspar, actual ministro das Finanças Português, afirmou: "Apenas o investimento produtivo pode permitir a recuperação económica e posteriormente a criação de emprego.", mas como a Marina já disse, não foi possível, para a economia portuguesa, pôr esta ideia em prática: "nem tudo aconteceu como planeado", disse. "O crescimento do PIB e os valores do desemprego são muito menos favoráveis".
    É claro que, ao ler-mos esta notícia percebemos que o problema reside nestes dois pontos: "crescimento do PIB e valores do desemprego". É inadiável a adopção de medidas de combate a este defeito da economia que é o desemprego.
    O desemprego constitui um encargo para a sociedade, pode favorecer o surgimento de um mercado negro de trabalho, e até provocar a subida de preços. Por isso, a adopção de medidas preventivas do desemprego são imprescindíveis e devem assentar na empregabilidade dos candidatos a emprego, no espírito empresarial, na adaptabilidade das empresas e dos trabalhadores às mutações tecnológicas, e na igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e para pessoas deficientes.
    É assim, urgente a adopção de Políticas de Emprego/ de Combate ao Desemprego, não só para reduzir o desemprego já existente como também para preveni-lo e evitá-lo. Não será então necessário um encargo tão grande com os subsídios de desemprego, o que constitui uma forma de equilibrar a despesa pública, visto que estes apoios (os subsídios de desemprego) são concedidos sem que seja necessário para quem os recebe contribuir para o desenvolvimento do país.

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  3. Portugal encontra-se actualmente integrado num plano de ajuda externa, programa este que exige rígidos cortes nas despesas nacionais.

    Os cortes implementados pelo governo geraram, económica e socialmente grandes impactos. Levou à diminuição da procura interna e à consequente diminuição do PIB, ao aumento do desemprego, à falência de várias empresas e ao aumento da pobreza generalizada. Esta sucessão de acontecimentos gerou um círculo vicioso prejudicial para a população portuguesa.

    Na minha opinião um dos pontos essenciais desta notícia encontra-se na resposta de Vítor Gaspar quando questionado sobre se o ajustamento em curso era estrutural ou facilmente revertível. A esta pergunta o senhor ministro responde com “é muito difícil dizer”, afirmando contudo que o crescimento das exportações “é permanente”.

    Podemos dividir esta resposta em duas partes, primeiro podemos referir o lado positivo presente nela. O lado positivo reside no facto de as exportações nacionais estarem a aumentar. Este acontecimento complementado com o facto de as importações estarem a diminuir causam na balança comercial um saldo positivo bastante favorável para Portugal.

    A segunda parte desta afirmação, está relacionada com o facto de Victor Gaspar afirmar que é difícil dizer se estas medidas resultaram a logo prazo ou não. A possibilidade de estas medidas não serem de cariz estrutural, cria um clima de incerteza e de falta de confiança tanto nas políticas tomadas pelo governo como no próprio governo, atendendo aos sacrifícios que a população está a sofrer e aos impactos sociais que estas medidas estão a ter.

    Sara

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  4. Um dos pontos importantes que esta notícia nos mostra é o facto de o nosso Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ter sido recebido nos EUA ao mais alto nível, tendo mesmo sido recebido pelo presidente da FED, reserva federal americana, o senhor Ben Bernanke. Tal facto demonstra o reconhecimento externo que o governo português está a receber com a sua atual política económica.
    Este esforço, apesar de nas próprias palavras de Vítor Gaspar ter sido “consideravelmente mais custoso” que o previsto, tem tido efeitos positivos, nomeadamente a possibilidade de Portugal voltar a entrar nos mercados externos. No entanto, e como o próprio Ministro das Finanças disse, “o crescimento do PIB e os valores do desemprego são muito menos favoráveis do que era esperado”. Tal facto é com certeza consequência das medidas recessivas que estão a ser tomadas.
    Infelizmente, o problema do desemprego tem enormes custos sociais e é algo que não pode ser encarado como uma simples variável económica dado afetar famílias e pessoas. Espera-se, no entanto, que no curto prazo haja condições para que exista uma alteração nos valores do PIB e do desemprego em Portugal, tendo valido assim a pena o esforço que todos estamos a fazer.

    Rita Patrício

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  5. A situação precária de Portugal obrigou o país a tomar medidas mais rígidas. No entanto, o nosso ministro das finanças declarou que o ajustamento foi “consideravelmente mais custoso” e que “nem tudo correu como planeado”. Mas isso sabe-o já a população portuguesa, visto que estava prevista uma situação para 2013 diferente da que hoje presenciamos.

    O crescimento do PIB e dos níveis de desemprego são dois grandes parâmetros e das principais razões para a declaração de Vítor Gaspar, uma vez que estes não se desenvolveram da forma esperada. O desemprego continua a ser um grande problema e obstáculo que o país tem que enfrentar, uma vez que será tanto mais fácil para o país recuperar da crise quanto maior for o número de pessoas empregadas. Ou seja, as pessoas estando desempregados diminuem substancialmente o seu consumo, seja por perda de poder de compra, seja por uma maior insegurança e medo do futuro. Estando empregadas, o consumo aumenta e leva ao aumento da produção, provocando também o aumento do número de pessoas empregadas, o investimentos e muitas outras condicionantes positivas que conduzem a um ciclo benéfico para Portugal e a uma saída da crise. Porém, para isto ser possível, são necessárias políticas de emprego e medidas expansivas como a redução dos impostos, das taxas de juro,… exatamente contrárias às medidas recessivas a serem tomadas.
    Quanto ao PIB, a justificação é a mesma. Enquanto houver desemprego, os níveis de consumo e produção serão baixos, sendo que os únicos factores que atualmente contribuem para o aumento do PIB são as exportações que têm demonstrado um crescimento positivo e a diminuição das importações resultantes do baixo poder de compra dos portugueses.

    Apesar de tudo, e de estas duas condicionantes não estarem a evoluir de acordo com o esperado por Vítor Gaspar, este mantém uma posição otimista, referindo um potencial “aumento do investimento, tanto por empresários portugueses como de investimento estrangeiro directo” ainda durante o ano corrente.

    Catarina Castela

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