terça-feira, 23 de abril de 2013

Economia da Zona euro afunda-se na recessão

Países da moeda única seguem no vermelho mas continuam a apertar o cinto. Fora da zona euro, o alívio monetário é a moeda.

O World Economic Outlook (WEO) do FMI confirmou as previsões negras de Vitor Gaspar mas, na prática, não trouxe grandes novidades sobre a economia portuguesa. As notícias- más por sinal - vieram no retrato da situação da zona euro. O fundo reviu ligeiramente em baixa a previsão de crescimento nos países da moeda única e espera agora uma recessão de 0,3% este ano. São menos duas décimas de ponto percentual que nas anteriores projeções, neste que é o segundo ano consecutivo de queda na zona euro. A economia dos 17 do euro vai viver em 2013 o segundo ano de recessão mas deverá voltar ao crescimento em 2014, espera o FMI. Há, no entanto, muitas dúvidas a pairar no horizonte. Desde logo sobre a evolução da situação nas economias periféricas mais castigadas pela crise da divida soberana.
A realidade é que a economia da zona euro em 2013, cinco anos depois da crise do crédito hipotecário de alto risco (suprime), está novamente em queda. O desemprego vai chegar a 12,3% e o défice está em 2,9% ainda acima dos 2,2% de 2008, três anos depois da onda de austeridade ter chegado à Europa. Olhando para os EUA, onde a crise nasceu, o cenário é bastante mais animador. A economia americana vai crescer este ano 1,9% e deverá acelerar 3% em 2014. Este foi um sinal positivo a destacar neste mundo a três velocidades onde há países em crise (Europa), em crescimento lento (Reino Unido e EUA) e em crescimento emergente (China por exemplo). A politica monetária agressiva em várias zonas continua a ser apoiada pelo FMI mas a instituição não deixou de alertar para os riscos que estas três velocidades conjugadas com o alivio representam para o futuro.
Por: Francisco Montez, nº9

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Impacto de medidas “chumbadas” é de 1326 milhões de euros

O défice pode atingir os 6,3% caso o Governo não compense o chumbo do TC.
 
O chumbo do Tribunal Constitucional (TC) a algumas medidas do Orçamento do Estado (OE) para 2013 tem um impacto de 1326 milhões de euros líquidos, de acordo com uma nota enviada pelo Ministério das Finanças à Lusa.
O Tribunal Constitucional chumbou na sexta-feira o corte do subsídio de férias para o sector público, pensionistas e contratos de docência e investigação, bem como a criação de uma taxa sobre o subsídio de doença e desemprego.
De acordo com as Finanças, o chumbo do Tribunal Constitucional com os subsídios representa 1174 milhões de euros, ao passo que a taxa sobre o subsídio de doença e desemprego obrigará o Governo a procurar 152 milhões de euros para atingir a meta do défice para este ano.
O défice pode atingir os 6,3% do PIB caso o Governo não compense o chumbo do Tribunal Constitucional, e assim falhar a meta de 5,5% acordada com a troika.
 
in Publico, 09-04-2013
 
Margarida Sá, 11ºG, nº18

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Ajustamento foi "consideravelmente mais custoso" que o previsto


O ministro das Finanças admitiu hoje que "nem tudo aconteceu de acordo com o planeado" no programa de ajustamento português.
O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, defendeu hoje, em Washington, que "a União Europeia (UE) deve "respeitar a primazia das políticas nacionais" e admitiu, sobre o programa de ajustamento, que "nem tudo aconteceu de acordo com o planeado".
O ministro falava perante uma plateia de cerca de 100 pessoas, na Brookings Institution, um dos 'think thanks' mais antigos de Washington.
Vítor Gaspar apontou três pontos que considera essenciais para a estabilidade da Zona Euro: que a UE aceite a "dimensão nacional das políticas nacionais", que cada membro "mantenha a sua casa em ordem" e que as instituições melhorem a "integração de mercados financeiros".
Questionado sobre se o ajustamento em curso era estrutural ou facilmente revertível, o ministro respondeu que "é muito difícil de dizer", mas que uma parte do ajustamento, como o crescimento das exportações, "é permanente".
"Esperamos que a maioria seja dessa natureza", disse. Vítor Gaspar apresentou a implementação do programa como um sucesso, mas admitiu que, "para ser transparente", tinha de explicar que "nem tudo aconteceu de acordo com o planeado."
"O crescimento do PIB e os valores do desemprego são muito menos favoráveis do que era esperado", disse, acrescentando que o ajustamento se mostrou "consideravelmente mais custoso".
Referindo-se às taxas de juro praticadas em Portugal, admitiu "que uma empresa tem de pagar uma taxa substancialmente mais alta do que uma empresa com o mesmo perfil em França ou na Alemanha".
O ministro disse que o problema devia, "definitivamente, ser modificado com sentido de urgência" e defendeu a existência de uma "verdadeira e total união bancária, que opera ao nível da zona euro como um todo", como a forma de o conseguir.
O ministro usou o exemplo de Portugal recorrentemente, dizendo que os primeiros anos do país na zona euro foram uma "década perdida" de "forma dramática"; caracterizada por "um crescimento anémico, acumulação de dívida por empresas e famílias e défice público descontrolado".
"É claro que o país não jogou o jogo da estabilidade macroeconómica de acordo com as melhores práticas", disse.
O ministro disse que, suportado por um "histórico muito forte de implementação do programa", tinha transmitido aos parceiros a necessidade de haver uma flexibilização dos objectivos.
"Sinalizamos aos nossos parceiros (...) que acreditamos ser oportuno suavizar o perfil das obrigações das finanças" disse, acrescentando: "Estou muito optimista de que teremos esse apoio muito em breve.
Temos um compromisso firme do Eurogrupo para lidar com o assunto de forma expedita". Vítor Gaspar disse esperar "boas notícias ainda durante o corrente ano" quanto ao "aumento do investimento, tanto por empresários
portugueses como de investimento estrangeiro directo".
"Precisamos que a economia emirja da crise muito mais aberta, queremos ver muito mais competição interna, queremos que o mercado de trabalho seja mais flexível", disse o ministro, referindo-se ao país que espera encontrar no final do programa.
A viagem do ministro aos EUA começou na segunda-feira, em Nova Iorque, onde se reuniu com o presidente da Reserva Federal de Nova Iorque, William C. Dudley, e o vice-presidente, Terrance Checki, e teve um pequeno-almoço de trabalho com membros da comunidade financeira.
Na tarde de segunda-feira, Vítor Gaspar tornou-se o primeiro ministro das finanças europeu a encontrar-se com o novo secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Jack Lew.
Esta tarde, reúne-se com Christine Lagarde, a directora-geral do FMI, e quarta-feira encontra-se com o presidente da Reserva Federal Americana, Ben Bernanke.