sábado, 18 de fevereiro de 2012

O pastel que milhões de chineses adoram e os espanhóis exportam


"Já compraram a EDP, querem a REN e a banca, mas no negócio dos pastéis de nata os chineses já lideram. O típico doce português nunca esteve tanto nas bocas do Mundo, depois de na semana passada o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, ter lançado a pergunta: «Porque não conseguimos exportar o pastel de nata?».
Contudo, é no outro lado do Mundo que mais se produzem e consomem os pastéis de nata. Por cá, o famoso estabelecimento em Lisboa, os Pastéis de Belém, vende cerca de 20 mil unidades por dia. Em Hong Kong, há pastelarias que vendem o dobro.
O apetite dos chineses pelos pastéis de nata existe há décadas, sendo este o produto português mais conhecido no Oriente – onde entrou via Macau, com o nome de egg tart (tarte de ovo). O lançamento asiático dos bolos ficou a dever-se ao inglês Andrew Stow, que os provou pela primeira vez em 1988 na confeitaria mais conhecida de Portugal – Pastéis de Bélem. Passado um ano, decidiu abrir a pastelaria Lord Stow’s, na vila de Coloane, Macau.
O sucesso foi imediato. O pastel de nata ‘à Stow’, servido sem canela, como os asáticos preferem, conquistou a Ásia e foi reinventado um pouco por toda a região. Através de Margaret, ex-mulher de Andrew, chegou mesmo aos balcões da cadeia norte-americana Kentucky Fried Chicken (KFC), a maior na China. Aliás, este é o único país onde o gigante fast food integra o pastel de nata no menu. Só em 2010, a KFC vendeu 300 milhões de egg tarts, encaixando 232 milhões de euros.
Em resposta ao repto do ministro Álvaro Santos Pereira, o responsável da Confraria diz «Há décadas que se exportam pastéis de nata . E como Vancouver, no Canadá foi dos primeiros destinos deste produto, está visto que o Governo não fez os estudos de mercado suficientes», ironiza Vicente Themudo Castro. Talvez por isso , e devido à falta de apoios às pequenas empresas, dois dos maiores exportadores de pastéis de nata são espanhóis – a Frida Alimentar e a Europastry. "
Adaptado do Jornal Sol, Sara Ribeiro, 20 Janeiro 2012